segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Nó na Garganta

As palavras consomem espaço
Voam fatigadas ou enérgicas
Cantam como pássaros
Repousam embaralhadas
Engasgam e fogem
Escrevem a si próprias
Amontoando-se unidas

As palavras mordem
Cuidado!
As palavras não sentem
Apenas expressam
As palavras não morrem
Ressuscitam

As palavras dão espetáculos
Criam à vontade ou até sem querer
Aparecem na luz ou na escuridão
São fortes, fracas, inefáveis
Inevitáveis e inescrupulosas
Insuficientes e às vezes suficientes

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

TIC-TAC

Corre o tempo
Amança o vento
O tempo voa
O vento é leve
Perde o tempo
Encara o vento
O tempo expressa
e vai de pressa
O vento cessa
O vento cessa
O vento cessa

Corre o vento
Amança o tempo
O vento voa
O tempo leva
Sente o vento
Encara o tempo
e vice-versa
e vai de pressa
O tempo cessa
O tempo cessa
O tempo cessa

Ingenuidade


quinta-feira, 13 de novembro de 2014

A Árvore

No topo da montanha
o tilintar das borboletas
acordam a madrugada
O estômago em mimese
interpreta o vento

Olhos inundados pela nuvem
Em uníssono os pelos arrepiados
Pés desfigurados pela neblina
O corpo - gangorra...
Quase crio asas

Quase inverto o sol
Quase invado a lua
Quase bico o mar

mas em cada amanhecer
permaneço árvore
a esperar a primavera

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Pesadelo

Nas reticências,
o sonho sonhado corre pelo mundo
Te finca no chão e nada floresce
Transborda tempestade, depois seca.
Você ali, observando os pássaros
que em volta do sol voam ardentes
Depois pousam aqui, ali e acolá
Teu doce suor cai melodicamente
- À toa, a esmo e ao acaso...
A brisa sem-vergonha é teu momento